quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Congelado.

Vivo da demência
dessa ociosidade.
Onde os meus verbos
tornam-se sílabas,
imóveis, sem nenhuma ação!

Revivo sob o pêndulo
do meu relógio parado,
pregado na parede mórbida
deste lar insano
coberto de repugnação.

Logo, enlaço-me
entre os ignorantes olhos,
que atentam-se nos meus passos
incertos, desertos
sem um fio poético, e nem razão.

E congelado neste espaço
do nada entre tudo
entrego a minha face à brigas,
intrigas - que soam dentro de mim,
e fazem minhas lembranças esquecerem-se.
O que é vida?

Chegou tão de surpresa,
que nem a vi entrar,
tão esperta e tão ligeira.
Que diabos! O que vem
a solidão buscar?

Se for à mim,
eu torço a perna,
eu prendo a língua,
e ainda evito
o meu aborto de palavras.

Se for à outro,
não me condeno.
Eu fujo nesta sina
de um tempo incerto,
do mundo farto - aliás

A porta abriu - Shiu.
Vem tão distante,
e ainda expande-se
na mesma névoa
das minhas preces 
e das minhas trevas.

Ela ainda insiste,
no meu corpo enfêrmo,
jogado sobre a cama
lambuzando-me com meus anseios,
chupando todos os dedos.

Prende-se as frases
eu grito por dentro,
mas como sempre
o nada ainda esta aqui,
tão nítido, intenso.

E aqueles olhos,
os mesmos negros do começo,
que fogem livres
sem a razão, levando os planos
da minha vida devastada pela solidão.

De frente eu encaro,
os passos dados,
neste silêncio, do meu espelho
que aponta a eternidade,
de um desconhecido fado.

Joga-me na parede,
aquela mórbida, que segura o tempo,
arranca-me pedaços, da esperança
da vaidade, de um rapaz.
Onde andas alegria?

Dizem por ai,
que anda escondida,
na minha mente, sem descobertas.
Que absurdo! Para encontrá-la,
terei que rodar este mundo.

Vinicius Henrique de Sousa

Um comentário:

Alanni disse...

Você consegue descrever a solidão de forma irreverente e descontraída.
I loved!