quarta-feira, 15 de setembro de 2010

De outro lado

Condessa, maldita tristeza,
De coisa passada não-forte.
De vinho, lírio sobre a mesa
Que assim não se padece, nem sofre.
Amargo assim é o que trago.
Bagagem rasgada, fuleira,
Um grito, esmola, o que quero?
Bobagem, sacana besteira.

Somada com desenvoltura,
Tratado quebrado, só montes
Quebrado de gesto e loucuras.
Sem ar, todo imerso em instantes.
Translúcido trem, não se afaste!
Declino meus pés sob os traços,
Horas então perco aos maços,
Saquê ou cicuta que baste.

Aponte qual verde tingido.
Libído agora aguçada
Transgride nos próprios sentidos
A outra verdade afetada!
Que nem de longe corrige
O bem ou mal que se aflora.
Carregue de tinta a caneta
Escreva, mas não vá embora

Sumido em secura, magreza,
Vexame em público, abatido
E foge sem muita destreza
Em meio ao mato ressequido
Querendo quiçá, morte lenta
Tal vate, mártir consagrado
Atravessa, olha apenas um lado,
Avenida, estreita que aumenta!

Anomalia tão morta não erra,
Encerra-se n'outra postura,
É frágil, assim não faz guerra,
Ludibría-se de idéia pura
Transforma de um tanto cosntante,
Então mostra o monstro que assombra
Caminha não tão adiante
Seus passos que vão à penumbra.

Desespero que o tempo deforma,
Só aumenta não acaricia,
E assim parte à lona mal-vista
A sentença que se evidencia!
Embotado de tato e seu peito,
Hipocondria voraz não encerra
Plenamente, quebrado não berra
Só desfaz-se em mulher sem defeito

Sem topázio clochard, sem mundo
De inútil, caiu em desuso.
Talvez roto, mas não infecundo
Verte o sangue, sangria sem luto.

Tropeço, trapézio, insolente
De boca infame, sem dentes.
Não esqueço cerúleos, teus olhos,
Qualquer transeunte marcado
Com posse ou dinheiro emprestado.
Alísios empurram meus ossos.

Saudoso museu de horas raras,
Das velas que não apagaras
Por pontos temíveis trafego.
Estou por recuar os passos
Não penso, fico com olhos razos
Da brisa do mar já não pego.

Topei uma saída com êxito,
Entretanto, hesitei num instante
Quando pude enxergar que o momento,
Não estava para Ser delirante.
Que o atalho não seja tomado
E os saltos não caiam por terra
As palavras, desdém, coisas meras.
Ou qualquer que não seja exaltado.

Agora, no entanto exaltado,
Com os pés pesados, vacina.
Tentou consolar-me falando o passado,
Tenta afagar-me com mãos de ardassina.
Após lua sombria entre nuvens,
São as quais não recordo, só pedras.
Sem coragem, verão, todo em feras,
Ignorado, esquecido em outros homens.

Leo Dumont

4 comentários:

Cássia Prado disse...

Adoro essa poesia!! Legal escrevê-la aqui:)

Anônimo disse...

Nossa adorei!!!(Aplausos) cara vc tem uma escolha de palavras magnífica.

Cleitinho disse...

"MEDO"...rsrsrsrs
Cara ficou show.
Parabens!

Anônimo disse...

Nossa adorei!!!(Aplausos) cara vc tem uma escolha de palavras magnífica.